À sombra das asas

Salmo 17:8,9

Guar­da-me como à meni­na do olho; esconde-me à som­bra das tuas asas, dos ímpios que me despo­jam, dos meus inimi­gos mor­tais que me cercam.” 

Questão

O Salmista roga a Deus que o guarde à som­bra das Suas asas, e ali o pro­te­ja dos seus inimi­gos. Como com­preen­der o fac­to de este escritor atribuir asas a Deus?

Con­tex­to bíblico 

A primeira refer­ên­cia bíbli­ca a asas é do próprio Deus pela pena de Moisés. Haven­do chega­do ao Monte Horebe, o povo é recor­da­do da exper­iên­cia recente ao sair do Egip­to: “Vós ten­des vis­to o que fiz aos egíp­cios, como vos lev­ei sobre asas de águias e vos trouxe a mim.” (Êx 19.4). E em Deuteronómio relem­bra o fac­to de modo que os israeli­tas recon­hecessem e val­orizassem Jah­weh como o seu úni­co Deus: “Como a águia des­per­ta o seu nin­ho, ade­ja sobre os seus fil­hos e, esten­den­do as suas asas, toma-os e os leva sobre as suas asas, assim só o Sen­hor o guiou, e não havia com ele deus estran­ho.” (Dt 32.11,12).

Con­sid­er­e­mos ain­da as palavras que Boaz dirigiu a Rute, em vir­tude de ela o ter procu­ra­do, segun­do o con­sel­ho de sua sogra: “O Sen­hor rec­om­pense o que fizeste, e te seja con­ce­di­do pleno galardão da parte do Sen­hor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abri­gar.” (Rt 2.12). Por con­seguinte, as asas são sím­bo­lo de refú­gio, abri­go e protecção.

O salmista usa muito a expressão das asas para se referir a Deus como o ver­dadeiro abri­go, refú­gio seguro, e pro­tecção garan­ti­da. Ele afir­ma o seguinte: “Quão pre­ciosa é, ó Deus, a tua benig­nidade! Os fil­hos dos home­ns se refu­giam à som­bra das tuas asas.” (Sl 36.7). “Com­padece-te de mim, ó Deus, com­padece-te de mim, pois em ti se refu­gia a min­ha alma; à som­bra das tuas asas me refu­gia­rei, até que passem as calami­dades.” (Sl 57.1).

Ele usa tam­bém a analo­gia da rocha  e da torre para ilus­trar a acção de Deus por aque­les que O bus­cam e nele con­fi­am: “Des­de a extrem­i­dade da ter­ra clamo a ti, estando abati­do o meu coração; leva-me para a rocha que é mais alta do que eu.  Pois tu és o meu refú­gio, uma torre forte con­tra o inimi­go. Deixa-me habitar no teu tabernácu­lo para sem­pre; dá que me abrigue no escon­der­i­jo das tuas asas.” (Sl 61.2–4).

Somente em Deus espera silen­ciosa a min­ha alma; dele vem a min­ha sal­vação. Só ele é a min­ha rocha e a min­ha sal­vação; é ele a min­ha for­t­aleza; não serei grande­mente abal­a­do.” (Sl 62.1,2). “quan­do me lem­bro de ti no meu leito e med­i­to em ti nas vigílias da noite, pois tu tens sido o meu auxílio; de júbi­lo can­to à som­bra das tuas asas.” (Sl 63.6,7).

Estar em Deus, viv­er com Deus, e obe­de­cer a Deus, é como viv­er numa for­t­aleza em tem­po de peri­go. Ali há refú­gio, abri­go e pro­tecção. “Aque­le que habi­ta no escon­der­i­jo do Altís­si­mo, à som­bra do Todo-Poderoso des­cansará. Direi do Sen­hor: Ele é o meu refú­gio e a min­ha for­t­aleza, o meu Deus, em quem con­fio.” (Sl 91.1,2). “O Sen­hor é a min­ha rocha, a min­ha for­t­aleza e o meu lib­er­ta­dor; o meu Deus, o meu roche­do, em quem me refú­gio; o meu escu­do, a força da min­ha sal­vação, e o meu alto refú­gio.” (Sl 18.2). “Torre forte é o nome do Sen­hor; para ela corre o jus­to e está seguro.” (Pv 18:10).

Samuel reg­ista tam­bém a exper­iên­cia de David com Deus: “Davi dirigiu ao Sen­hor as palavras deste cân­ti­co, no dia em que o Sen­hor o livrou das mãos de todos os seus inimi­gos e das mãos de Saul, dizen­do: O Sen­hor é o meu roche­do, a min­ha for­t­aleza e o meu lib­er­ta­dor. É meu Deus, a min­ha rocha, nele con­fi­arei; é o meu escu­do, e a força da min­ha sal­vação, o meu alto retiro, e o meu refú­gio. O meu Sal­vador; da vio­lên­cia tu me livras. Ao Sen­hor invo­carei, pois é dig­no de lou­vor; assim serei sal­vo dos meus inimi­gos.” (2 Sm 22.1–4).

E Jesus, usan­do a mes­ma analo­gia, dirigiu a sua lamen­tação sobre Jerusalém, em vir­tude de ser rejeita­do como foram os ante­ri­ores pro­fe­tas: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os pro­fe­tas, ape­dre­jas os que a ti são envi­a­dos! quan­tas vezes quis eu ajun­tar os teus fil­hos, como a gal­in­ha ajun­ta os seus pin­tos debaixo das asas, e não o quis­es­te!” (Mt 23.37).

Con­clusão

Por con­seguinte, as asas são sím­bo­lo de refú­gio, abri­go, e pro­tecção em tem­po de peri­go. Enquan­to Moisés, David e Samuel recon­heci­am em Deus um refú­gio seguro e uma pro­tecção em tem­po de peri­go, os con­tem­porâ­neos de Jesus rejeitaram esse priv­ilé­gio e foram espal­ha­dos por todo o mun­do. Perder­am a pro­tecção da som­bra do Sen­hor Todo-Poderoso, fican­do à mer­cê dos capri­chos humanos. Pagaram caro por sua incredul­i­dade e des­obe­diên­cia. Hoje ain­da podemos encon­trar refú­gio, abri­go e pro­tecção à som­bra das asas do divi­no Sen­hor pela fé naque­le que deu a Sua vida por nós e ressuscitou.

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