A Parábola da mostarda

Lucas 13:18,19

A que é semel­hante o reino de Deus, e a que o com­para­rei? É semel­hante a um grão de mostar­da que um homem tomou e lançou na sua hor­ta; cresceu e fez-se árvore, e em seus ramos se anin­haram as aves do céu.” 

Questão

Qual o sig­nifi­ca­do da peque­na semente de mostar­da, da árvore cresci­da e das aves do céu que nela encon­tram abrigo?

Con­tex­to bíblico

Observe­mos tam­bém a nar­ra­ti­va de Mateus: “Propôs-lhes out­ra parábo­la, dizen­do: O reino dos céus é semel­hante a um grão de mostar­da que um homem tomou e semeou no seu cam­po, a qual é real­mente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter cresci­do, é a maior das hor­tal­iças e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu e anin­ham-se nos seus ramos.” (Mt 13:31,32). O Sen­hor está ensi­nan­do que o seu reino é semel­hante a uma árvore que abri­ga e pro­tege quem nela se refu­gia. Encon­tramos um exem­p­lo esclare­ce­dor na nar­ra­ti­va bíbli­ca da visão de Nabu­codozor, na Babiló­nia. Ele son­hou com a grandeza do seu império, mas que viria a ser destruí­do por um mais poderoso, con­forme as Escrituras:
“Eram assim as visões da min­ha cabeça, estando eu na min­ha cama: eu olha­va, e eis uma árvore no meio da ter­ra, e grande era a sua altura; cres­cia a árvore e fazia-se forte, de maneira que a sua altura chega­va até ao céu e era vista até aos con­fins da ter­ra. A sua fol­hagem era for­mosa e o seu fru­to abun­dante, e havia nela sus­ten­to para todos; debaixo dela os ani­mais do cam­po achavam som­bra, e as aves do céu fazi­am mora­da nos seus ramos, e dela se man­tinha toda a carne. Eu via isso nas visões da min­ha cabeça, estando eu na min­ha cama, e eis que um vigia, um san­to, descia do céu. Ele clam­ou em alta voz e disse assim: Der­rubai a árvore e cor­tai-lhe os ramos, sacu­di as suas fol­has e espal­hai o seu fru­to; afu­gen­tem-se os ani­mais de debaixo dela e as aves dos seus ramos.” (Dn 4:10–14).
O rei de Babiló­nia chamou os seus sábios e astról­o­gos para lhe rev­e­larem o son­ho, porém, não tiver­am qual­quer pos­si­bil­i­dade de sat­is­faz­er o rei com uma respos­ta sat­is­fatória. Então, foi chama­do Daniel, um dos judeus ao serviço do rei, para que ele rev­e­lasse aque­le mis­tério. Após algum tem­po de oração, Daniel vai entre­gar a respos­ta ao seu sen­hor e diz: “Esta é a inter­pre­tação, ó rei, e este é o decre­to do Altís­si­mo que virá sobre o rei, meu sen­hor: serás expul­so do meio dos home­ns, e a tua mora­da será com os ani­mais do cam­po, e te farão com­er erva como os bois, e serás mol­ha­do do orval­ho do céu, e pas­sar-se-ão sete tem­pos por cima de ti até que con­heças que o Altís­si­mo tem domínio sobre o reino dos home­ns e o dá a quem quer. (Dn 4:24,25). O restante da história dev­erá ser con­sul­ta­da no mes­mo capí­tu­lo de Daniel.
Vis­to que o rei de Babiló­nia tin­ha grande ambição no cresci­men­to do seu império, esta­va inter­es­sa­do em con­quis­tar tudo ao seu redor; mas o Deus de Israel, que é mais poderoso, orde­nou que fos­se total­mente destruí­do. Ora, isso acon­te­ceu por ordem div­ina a Ciro, rei da Pér­sia, que o der­ro­tou, e pla­neou lib­er­tar os cativos de Judá a fim de regres­sarem à sua ter­ra, donde havi­am sido toma­dos por Nabu­codono­zor. Jesus usou uma metá­fo­ra semel­hante a este caso, quan­do disse: “E já está pos­to o macha­do á raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não pro­duz bom fru­to, é cor­ta­da e lança­da no fogo.” (Mt 3:10). “Ou fazei a árvore boa e o seu fru­to bom; ou fazei a árvore má e o seu fru­to mau; porque pelo fru­to se con­hece a árvore.” (Mt 12:33).
O pro­fe­ta Eze­quiel escreveu tam­bém uma pro­fe­cia sobre o Egip­to nes­ta for­ma: “Fil­ho do homem, dize a Faraó, rei do Egip­to, e à sua mul­ti­dão: A quem és semel­hante na tua grandeza? Eis que o assírio era como um cedro do Líbano, de ramos for­mosos, de som­bria ram­agem e de alta estatu­ra; e a sua copa esta­va entre os ramos espes­sos. As águas nutri­ram-no, o abis­mo fê-lo crescer, as suas cor­rentes cor­ri­am em torno da sua plan­tação; assim ele envi­a­va os seus regatos a todas as árvores do cam­po. Por isso se elevou a sua estatu­ra sobre todas as árvores do cam­po, e se mul­ti­plicaram os seus ramos e se alon­garam as suas varas, por causa das muitas águas nas suas raízes. Todas as aves do céu se anin­havam nos seus ramos, e todos os ani­mais do cam­po ger­avam debaixo dos seus ramos; e à sua som­bra habitavam todos os grandes povos.” (Ez 31:2–6). E pro­fe­ti­zou igual­mente o mere­ci­do cas­ti­go: “Por­tan­to assim diz o Sen­hor Deus: Como se elevou na sua estatu­ra e se levan­tou a sua copa no meio dos espes­sos ramos, e o seu coração se ufana­va da sua altura, eu o entre­garei na mão da mais poderosa das nações, que lhe dará o trata­men­to mere­ci­do. Eu já o lan­cei fora.” (Ez 31:10,11).
O mes­mo pro­fe­ta deixou-nos uma nar­ra­ti­va semel­hante con­cer­nente ao reino de Deus: “Assim diz o Sen­hor Deus: Tam­bém eu tomarei um bro­to do topo do cedro e o plantarei; do prin­ci­pal dos seus ren­ovos cortarei o mais ten­ro e o plantarei sobre um monte alto e sub­lime. No monte alto de Israel o plantarei; e pro­duzirá ramos, e dará fru­to, e se fará um cedro exce­lente. Habitarão debaixo dele aves de toda a sorte; à som­bra dos seus ramos habitarão. Assim saberão todas as árvores do cam­po que eu, o Sen­hor, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde e fiz reverde­cer a árvore seca; eu, o Sen­hor, o disse e o farei.” (Ez 17:22–24).
O rei David, no seu primeiro salmo, faz refer­ên­cia ao jus­to assemelhando‑o a uma árvore plan­ta­da jun­to a um ribeiro: “Bem-aven­tu­ra­do o homem que não anda segun­do o con­sel­ho dos ímpios, nem se detém no cam­in­ho dos pecadores, nem se assen­ta na roda dos escarnece­dores; antes tem seu praz­er na lei do Sen­hor, e na sua lei medi­ta de dia e noite. Pois será como a árvore plan­ta­da jun­to às cor­rentes de águas, a qual dá o seu fru­to na estação própria, e cuja fol­ha não cai; e tudo quan­to fiz­er pros­per­ará.” (Sl 1:3). Assim será o reino de Deus, porque será for­ma­do por gente deste calibre.
Isaías pro­fe­ti­zou acer­ca do futuro reino de Deus des­ta maneira: “Eis que o Sen­hor Deus dos exérci­tos cor­tará os ramos com vio­lên­cia; os de alta estatu­ra serão cor­ta­dos, e os ele­va­dos serão abati­dos. E cor­tará com o fer­ro o emaran­hado da flo­res­ta, e o Líbano cairá pela mão de um poderoso.” (Is 10:33,34). “Então bro­tará um reben­to do toco de Jessé, e das suas raízes um ren­o­vo fru­ti­fi­cará. Naque­le dia a raiz de Jessé será pos­ta por estandarte dos povos, à qual recor­rerão as nações; glo­riosas lhe serão as suas moradas.” (Is 11:1,10). Paulo menciona‑o na sua car­ta aos romanos: “Lou­vai ao Sen­hor todos os gen­tios, e lou­vem-no todos os povos.” E out­ra vez, diz tam­bém Isaías: Haverá a raiz de Jessé, aque­le que se lev­an­ta para reger os gen­tios; nele os gen­tios esper­arão.” (Rm 15:11,12).
E, porque Israel rejeitou a raiz de Jessé, que é Jesus, tam­bém o Sen­hor lhes disse: “Por­tan­to eu vos digo que vos será tira­do o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus fru­tos.” (Mt 21:43). Por este moti­vo, o Rei envi­ou os dis­cípu­los a pre­gar o evan­gel­ho do reino por todo o mun­do. E Lucas escreveu no seu livro de Actos o seguinte: “Mas os judeus, ven­do as mul­ti­dões, encher­am-se de inve­ja e, blas­fe­man­do, con­tradiziam o que Paulo dizia. Então Paulo e Barn­abé, falan­do ousada­mente, dis­ser­am: Era mis­ter que a vós se pre­gasse em primeiro lugar a palavra de Deus; mas, vis­to que a rejeitais, e não vos jul­gais dig­nos da vida eter­na, eis que nos viramos para os gen­tios” (At 13:45,46). E comu­ni­cou Paulo aos corín­tios: “Não sabeis que os injus­tos não her­darão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devas­sos, nem os idóla­tras, nem os adúl­teros, nem os efem­i­na­dos, nem os sodomi­tas, nem os ladrões, nem os avar­en­tos, nem os bêbe­dos, nem os maldizentes, nem os rou­ba­dores her­darão o reino de Deus.” (1 Co 6:9,10).
João, acer­ca das suas visões, con­ta-nos o seguinte: “Então, ouvi uma grande voz no céu que dizia: Ago­ra é chega­da a sal­vação, e o poder, e o reino do nos­so Deus, e a autori­dade do seu Cristo, porque já foi lança­do fora o acu­sador de nos­sos irmãos, o qual diante do nos­so Deus os acusa­va dia e noite.” (Ap 12:10). Ele ouviu tam­bém um cân­ti­co que dizia: “Dig­no és de tomar o livro e abrir os seus selos, porque fos­te mor­to e com o teu sangue com­praste para Deus home­ns de toda tri­bo, e lín­gua, e povo e nação; e para o nos­so Deus os fizeste reino e sac­er­dotes, e eles reinarão sobre a ter­ra.” (Ap 5:9,10). E con­tin­ua a nar­ra­ti­va: “Tocou o séti­mo anjo a sua trom­be­ta e hou­ve grandes vozes no céu que diziam: O reino do mun­do pas­sou a ser de nos­so Sen­hor e do seu Cristo, e ele reinará pelos sécu­los dos sécu­los.” (Ap 11:15).

Con­clusão
 A peque­na semente de mostar­da rep­re­sen­ta o iní­cio insignif­i­cante do reino de Deus, cujas bases são a pre­gação de Jesus. Des­de o primeiro dia não tem ces­sa­do de crescer, tor­nan­do-se semel­hante a uma árvore gigan­tesca que abri­ga toda a espé­cie de aves. Estas rep­re­sen­tam as mais diver­sas pes­soas que encon­tram sal­vação e pro­tecção no reino em seus diver­sos ramos em todo o mun­do. O reino de Deus é já uma real­i­dade nos corações humanos; porém, o mes­mo está des­ti­na­do a atin­gir toda a ter­ra e, então “se encherá do con­hec­i­men­to do Sen­hor como as águas cobrem o mar.” (cf. Is 11:9).

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