AS VARAS NA CEPA

Toda vara em mim que não dá fru­to, ele a cor­ta” João 15:1, 2

Questão

Jesus quer diz­er cor­tar a vara para lançá-la no fogo? ou lev­an­tar a vara para que dê o fru­to desejado? 

Exam­i­nan­do o texto

Exis­tem dois ver­bos gre­gos muitos semel­hantes na grafia e no sig­nifi­ca­do: aireô e airô. 

O ver­bo aireô pode sig­nificar: tomar, podar, cap­turar, con­quis­tar, sur­preen­der em fla­grante. O ver­bo airô pode sig­nificar: lev­an­tar, ofer­e­cer, recru­tar, engrande­cer, içar, sus­ci­tar. A for­ma ver­bal exis­tente neste ver­so é o indica­ti­vo pre­sente airei.

Ago­ra é pre­ciso desco­brir a que ver­bo per­tence e ain­da temos de con­sid­er­ar o con­tex­to para desco­brir o sig­nifi­ca­do do ver­bo no referi­do tex­to. Porque não tem sinal de con­tracção sobre o diton­go final, esta for­ma ver­bal per­tence ao ver­bo airô, que podemos usar neste tex­to como lev­an­tar, içar, engrandecer. 

Jerón­i­mo usa na Vul­ga­ta lati­na ‘tol­let’ = tomar, lev­an­tar, erguer, e tam­bém retirar. 

Con­clusão

Assim sendo, dig­amos que a vara em Cristo que não dá fru­to não é rejeita­da, mas lev­an­ta­da, trata­da e cuida­da a fim de vir a dar o fru­to dese­ja­do pelo Lavrador. Quan­to às varas que dão fru­to, o lavrador as limpa (cor­ta as partes incon­ve­nientes) para darem ain­da mais fru­to. E note-se que o instru­men­to usa­do pelo Lavrador para limpar a sua vin­ha é sem­pre a sua Palavra (Jo 15:3), ade­qua­da às nos­sas necessidades. 

Além dis­so, o Sen­hor asse­gurou que todo aque­le que o Pai lhe deu, de modo algum o lançará fora (Jo 6:37). E acer­ca das ovel­has disse que aque­las que vêm a Ele ninguém as arrebatará da sua mão, nem de seu Pai (Jo 10:28,29).

Uni­ca­mente as varas que não per­manecem na videira (Cristo), primeiro secam, depois serão apan­hadas e guardadas para o fogo (Jo 15:6). Neste capí­tu­lo quinze de João exis­tem onze for­mas do ver­bo grego menô – estar, habitar, ou per­manecer. É, por­tan­to, a palavra chave deste tex­to e a qual não deve­mos menosprezar.

O Sen­hor acon­sel­ha que é pre­ciso per­manecer nele, na sua palavra, no seu amor, nos seus man­da­men­tos, e Ele per­manecer em nós para que haja fru­to per­ma­nente (cf. Gl 5:22–24).

Ora, sabe­mos que os escritos de João apare­ce­r­am para com­bat­er as doutri­nas gnós­ti­cas, que reti­ravam os méri­tos ao sac­ri­fí­cio de Cristo em favor da sua gnose, ou o con­hec­i­men­to das suas doutri­nas mescladas de judaís­mo, filosofia gre­ga e religiões ori­en­tais. Estes afas­taram-se de Cristo e estavam secan­do e des­ti­na­dos ao fogo. 

É por este moti­vo que João diz aos cristãos que já sabem tudo (a respeito da sal­vação) e não têm neces­si­dade que alguém (hereges gnós­ti­cos) os ensine, mas que per­maneçam nele (1 Jo 2:27).

A men­sagem daque­les ensi­nadores era racional e filosó­fi­ca, dirigi­da ao int­elec­to, prov­in­ha do mun­do e era aceite pelo mun­do (cf. 1 Jo 4:5). A men­sagem dos após­to­los era uma men­sagem que apela­va à fé e à união a Cristo. Out­ra vez João usa o ver­bo grego menô – con­vi­dan­do os cristãos a  per­manecer em Cristo como sal­vador do mun­do (cf. 1 Jo 4:14–16).

A parábo­la da figueira em Lucas 13:6–9 é uma boa com­pro­vação da dout­ri­na da graça nestes tre­chos. É essen­cial per­manecer em Cristo para garan­tir a vida eterna. 

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