Jesus e as Parábolas

E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado.” (Mt 13:10,11).

Questão

Por que motivo Jesus esconderia a verdade aos judeus, através de parábolas, para que não fossem curados do seu pecado? 

Contexto bíblico

O Senhor tinha acabado de contar a parábola do semeador, e os discípulos interrogaram por que motivo Ele não era claro acerca do reino dos céus, mas falava através de parábolas. Jesus respondeu que a eles era revelado o mistério do reino dos céus, mas aos outros não, porque “neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.” (Mt 13:14).

Cerca de 700 anos antes, o profeta prontificou-se a entregar a mensagem de Deus ao povo de Israel, que estava sob condenação por causa do pecado de idolatria, e escreveu a ordem do Senhor a respeito desta ocasião, “Disse, pois, ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e seja sarado.” (Is 6:9,10). E perguntou até quando aconteceria isso. Respondeu o Senhor: “Até que sejam assoladas as cidades, e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor tenha removido para longe dela os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da terra.” (Is 6:11,12).

Estavam tão cegos espiritualmente que não entenderam a mensagem de Isaías e prevaleceram nos seus caminhos ímpios sem se converterem. Consta que Isaías terá sido serrado ao meio pelos seus adversários. Deus castigou Israel com o exílio para Babilónia, cujo rei, Nabucodonozor, cumpriu a profecia, deixando somente na terra os mais pobres a fim de trabalharem os campos para os novos senhores da terra. Muitos anos se passaram até que chegou Jesus com uma nova mensagem para o povo, mas também não entenderam o convite lhes era endereçado. Jesus foi, igualmente, morto pelos seus adversários numa cruz. Deus ordenou o castigo e, desta vez, os romanos destruíram a cidade e massacraram milhares de judeus. Os que puderam escapar espalharam-se pela terra até aos nossos dias. Somente alguns regressaram à sua pátria no século passado.

Apesar da mensagem profética, este povo permanece sem ver nem entender o significado espiritual do reino dos céus. Como Jesus tinha dito acerca deles: “Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardiamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.” (Mt 13:15). Enquanto eles esperavam um reino terreno que expulsasse os romanos da sua terra, Jesus confirmou perante Pilatos que o seu reino não deste mundo. E Paulo, mesmo não tendo sido companheiro de Jesus, entendeu que o reino dos céus é “justiça, paz e alegria” por acção do Espírito Santo.” (Rm 14:17).

Pelo exposto concluímos que o Senhor ilustrava o seu ensino com imagens da vida real para ensinar verdades espirituais. Deve-se, por conseguinte, procurar o significado espiritual das parábolas. É por isso que Paulo usa a palavra ‘mistério’ (algo que está oculto, disfarçado, em segredo) a respeito do reino dos céus: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado, e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e desviará de Jacó a impiedade; e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados.” (Rm 11:26,27).

O Senhor usava parábolas no seu ensino para atrasar a conversão de Israel a fim de franquear aos gentios a sua entrada no reino dos céus. Depois será o tempo dos judeus ingressarem no reino. Como foi confirmado por Paulo: “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou.” (Ef 3:8,9).

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