Cristo na Cruz

Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.” Lucas 23:33,34

Questão

Como é possível demonstrar tanto altruísmo em momentos de tão grande sofrimento como o suportado por Jesus enquanto estava contorcendo-se com dores na cruz?

Contexto bíblico

Geralmente, as pessoas revelam melhor o seu estado de espírito em momento de sofrimento. É nessa ocasião que melhor expressa os seus sentimentos íntimos. Aquilo que sente na alma é demonstrado espontaneamente e todos podem apreender com facilidade. Vejamos como Cristo revelou o seu altruísmo ímpar perante amigos e inimigos. Primeiramente, Jesus teve capacidade para demonstrar altruísmo porque tinha o amor que jamais acaba. E este amor é reconhecido no seu interesse pelos outros, apesar de Ele estar sofrendo atrozmente. Há uma série de factores observados na cruz que exprimem a capacidade do altruísmo de Jesus.

Cristo, na cruz, pediu perdão para os seus carrascos, dizendo: dizendo: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” ( Lc 23:34). É preciso ter muita graça de Deus para conceder perdão a criminosos como aqueles que prenderam, troçaram, açoitaram, e crucificaram um santo como Jesus. A esta graça podemos chamar ‘amor ilimitado’ o qual é expresso em grego por ‘agape’, aquele que, no dizer do apóstolo Paulo, jamais cai, jamais diminui, jamais falha, jamais acaba, apesar das circunstâncias. E Paulo disse que este mesmo amor está também “derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5:5).

O Seu silêncio perante o desafio dum condenado numa cruz ao seu lado, revela domínio próprio. Ainda, Cristo concedeu o paraíso a um pecador que estava na cruz como ele dizendo-lhe: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (v. 43). Embora condenado pelas autoridades com justiça, como ele mesmo reconheceu, Jesus não lhe negou o perdão, mas concedeu-lhe o paraíso, que não merecia. Aqui, só podemos ver puro altruísmo como expressão viva do amor divino concedido pelo Espírito Santo.

Apesar de estar suportando dores atrozes, Jesus não descurou o cuidado de sua extremosa mãe, entregando‑a aos cuidados do discípulo amado: “Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (Jo 19:27). Igualmente, tinha dito a sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. O seu grande sofrimento jamais o tornou insensível ao sofrimento futuro da mãe, por isso, entregou‑a aos cuidados daquele que poderia velar por ela. Deste modo, consideramos que o altruísmo de Cristo na cruz resulta da presença contínua do Espírito Santo.

O Senhor, estando com febre, na cruz, manifestou ter sede e logo lhe chegaram uma esponja embebida em vinagre para aliviá-lo com esse entorpecente (cf. Jo 19:27,28). Depois disto, sentindo aproximar-se o fim, exclamou ao Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15:34). Esta lamentação foi extraída do Salmo vinte e dois, cuja profecia  foi integralmente cumprida por Jesus. Por conseguinte, o altruísmo de Cristo é conhecido no seu sacrifício pelos outros devido à assistência contínua do Espírito Santo. Sem essa poderosa ajuda não é possível tal façanha. Observamos, também, que Ele foi desamparado naquele momento para que nós sejamos amparados presentemente.

Após isso, o Senhor declarou a sua obra cumprida com estas palavras de supremo valor: “está consumado”, cujo significado é: ‘a tua dívida está completamente satisfeita’; está liquidada e não há mais dívida (cf. Jo 19:30). Finalizamos com as esclarecedoras e valiosas palavras do autor da epístola aos Hebreus: “Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados não me lembrarei mais.” (Hb 8:12). “Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações e as escreverei em seu entendimento, acrescenta: E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado. (Hb 10:16–18).

Conclusão

Por conseguinte, o altruísmo de Cristo fê-lo sofrer pelos pecadores a fim de sermos perdoados e libertos da condenação mediante a fé no seu sacrifício. Ele demonstrou capacidade para suportar todo aquele sofrimento porque o Espírito Santo o assistiu e fortaleceu constantemente. Concernente a nós, os cristãos, o Senhor prometeu que nos concederia o Espírito Santo a fim de termos poder para seguir o seu exemplo: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.” (At 1:8). E João diz que “ele deu a vida por nós, nós devemos dar vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16). Somente assistidos pelo Espírito Santo poderemos seguir o seu exemplo e suportar tais provações.

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