Dois ou três reunidos

Mateus 18:19,20

Ain­da vos digo mais: Se dois de vós con­cor­darem na ter­ra acer­ca de qual­quer coisa que pedi­rem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”

Questão

O Sen­hor terá insin­u­a­do que dois ou três reunidos em seu nome já são uma igre­ja? Ou terá out­ro sig­nifi­ca­do? Temos de con­sid­er­ar o con­tex­to bíbli­co próx­i­mo para respon­der a esta questão.

Con­tex­to bíblico

Come­ce­mos pelo tex­to base deste assun­to: “Assim, tam­bém não é da von­tade de vos­so Pai que está nos céus, que ven­ha a pere­cer um só destes pequeni­nos. Ora, se teu irmão pecar, vai e repreende‑o entre ti e ele só; se te ouvir, terás gan­ho teu irmão; mas se não te ouvir, leva ain­da con­ti­go um ou dois para que pela boca de duas ou três teste­munhas toda palavra seja con­fir­ma­da.” (Mt 18:14–16). “Se recusar ouvi-los, di-lo à igre­ja; e, se tam­bém recusar ouvir a igre­ja, considera‑o como gen­tio e pub­li­cano. Em ver­dade vos digo: Tudo quan­to lig­ardes na ter­ra será lig­a­do no céu; e tudo quan­to desli­gardes na ter­ra será desli­ga­do no céu. Ain­da vos digo mais: Se dois de vós na ter­ra con­cor­darem acer­ca de qual­quer coisa que pedi­rem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” (Mt 18:17–20).

Quan­do alguém comete peca­do fica sujeito à con­de­nação e per­manece sob o juí­zo divi­no por causa da sua rebel­dia. É por este moti­vo que um irmão deve procu­rar o seu irmão para salvá-lo da con­de­nação a que está sujeito. Foi neste con­tex­to que o Sen­hor deu a respec­ti­va instrução: “Que vos parece? Se alguém tiv­er cem ovel­has, e uma delas se extraviar, não deixará as noven­ta e nove nos montes para ir bus­car a que se extrav­i­ou?” (Mt 18:12).

Primeiro, con­sid­er­e­mos que o Sen­hor ensi­nou qua­tro pas­sos para con­cil­iar irmãos desavin­dos, a fim de um, ou os dois, não se perderem:

1.                  Realizar uma reunião con­cil­i­atória entre as pes­soas envolvidas.
2.                  Realizar segun­da reunião na pre­sença de testemunhas.
3.                  Con­sid­er­ar o caso em assem­bleia ger­al da igreja.
4.                  Excluir a parte obsti­na­da da comunhão da igreja.

O ofen­di­do pode tomar a ini­cia­ti­va, no caso de o ofen­sor a não tomar. Isto é, quem ficou ofen­di­do com o pro­ced­i­men­to de algum irmão, deve con­sid­er­ar que Deus tam­bém poderá estar ofen­di­do. Neste caso, a mel­hor ati­tude é procu­rar o referi­do irmão e esclarecê-lo do peri­go exis­tente dev­i­do ao seu peca­do. Porém, se não der crédi­to a esse avi­so, deve ser toma­da out­ra solução: chamar uma ou duas teste­munhas para con­fir­mação do suce­di­do. E, final­mente, após esgo­tadas todas as hipóte­ses de con­cil­i­ação, a assun­to é lev­a­do à assem­bleia ger­al para decisão final. Con­forme ensi­nou o Sen­hor: “Se recusar ouvi-los, di-lo à igre­ja; e, se tam­bém recusar ouvir a igre­ja, considera‑o como gen­tio e pub­li­cano.” (Mt 18:17).

Depois diz que “tudo o que lig­ardes na ter­ra será lig­a­do nos céus, e tudo o que desli­gardes na ter­ra será desli­ga­do nos céus” parece sig­nificar que Deus só agirá depois de nós agir­mos, o que não pode cor­re­spon­der à ver­dade. Deus não pode depen­der dos nos­sos capri­chos, nem cor­rob­o­rar todas as nos­sas acções. Tudo dev­erá obe­de­cer aos padrões entregues por Jesus, o Soberano.

Além dis­so, temos de con­sid­er­ar gra­mat­i­cal­mente os vocábu­los gre­gos usa­dos em ‘lig­ar’ e ‘desli­gar’ para rece­ber­mos mais luz. Ambas expressões estão no futuro per­feito per­ifrás­ti­co pas­si­vo, for­ma­do pelo futuro do ver­bo ser e o per­feito pas­si­vo dos ver­bos lig­ar ou desli­gar (estai dede­me­na e estai lelu­me­na), respec­ti­va­mente, cujo sig­nifi­ca­do mais cor­rec­to seria: terá sido lig­a­do, ou, terá sido desli­ga­do. Por este moti­vo, seria mais lógi­co con­cluir que quan­do alguém for lig­a­do ou desli­ga­do, na ter­ra, já o terá sido por Deus no céu. Ele não espera pela nos­sa acção, muitas vezes falív­el. Quan­do um pecador se arrepende é ime­di­ata­mente rece­bido por Deus, dev­i­do à sua fé, con­forme foi dito ao carcereiro de Fil­i­pos: “Crê no Sen­hor Jesus Cristo e serás sal­vo tu e a tua casa.” (At 16:31). Assim como quan­do alguém peca tam­bém fica sujeito à con­de­nação div­ina, ‘porque o salário do peca­do é a morte’.

Em segui­da, Jesus con­tou uma parábo­la sobre cer­to rei que per­doou a dívi­da a dois de seus ser­vos. Porém, um deles, recu­sou-se a per­doar ao seu com­pan­heiro e foi con­de­na­do por isso. A lição ensi­na que assim como recebe­mos o perdão de Deus, tam­bém deve­mos con­cedê-lo aos out­ros, sob pena de ser­mos excluí­dos do seu reino. Uma sociedade per­doa­da não pode exi­s­tir se não estiv­er pronta a perdoar.

E Jesus con­tin­ua o seu dis­cur­so: “Ain­da vos digo mais: Se dois de vós con­cor­darem na ter­ra acer­ca de qual­quer coisa que pedi­rem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” (Mt 18.19,20). Esta declar­ação ref­ere-se a out­ro assun­to, respei­tante aos pedi­dos feitos a Deus sob o acor­do de, pelo menos, duas pes­soas. Ou seja: Se dois ou três chegarem à con­cil­i­ação através do perdão, tam­bém Deus per­doará. “Porque, se per­doard­es aos home­ns as suas ofen­sas, tam­bém vos­so Pai celes­tial vos per­doará a vós; se, porém, não per­doard­es aos home­ns, tam­pouco vos­so Pai per­doará vos­sas ofen­sas”, diz o Sen­hor em Mateus 6:14,15. Se con­cor­darem noutros assun­tos impor­tantes, con­forme o plano de Deus, tam­bém o Sen­hor aprovará.

Reunidos em meu nome – Isto é, agin­do sob min­ha autori­dade. Sobre este tema exam­inemos João 10:25 e 16:23,24, respec­ti­va­mente: “As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão teste­munho de mim.…Em ver­dade, em ver­dade vos digo que tudo quan­to pedird­es ao Pai, ele vo-lo con­ced­erá em meu nome. Até ago­ra nada pedistes em meu nome; pedi, e rece­bereis, para que o vos­so gozo seja com­ple­to.” Isto pode significar:

a)                  ao meu serviço;
b)                  no tem­po de oração;
c)                  reunidos em obe­diên­cia ao meu mandamento;
d)                  com dese­jo de pro­mover a min­ha glória.

Con­clusão

Ali estou eu no meio deles sig­nifi­ca que nada pode­ria mais clara­mente provar que Jesus é omnipresente e, sem dúvi­da, que é Deus. Todos os dias, onde estiverem dois ou três reunidos em nome de Jesus, o Emanuel, ele está no meio deles como Sal­vador e Sen­hor para aju­dar na solução. Todavia, dois ou três reunidos não são uma igre­ja, como já tem sido opina­do. A palavra igre­ja, em grego, sig­nifi­ca assem­bleia, e nen­hu­ma assem­bleia pode ser real­iza­da somente com três pessoas.

Eis uma respos­ta pos­sív­el: A Bíblia con­tém o número dez muito repeti­do, e, talvez por isso, os judeus, apreciando‑o como número per­feito, o ten­ham con­sid­er­a­do número mín­i­mo para uma reunião em sin­a­goga. Observe­mos alguns exem­p­los: “Disse ain­da Abraão: Ora, não se ire o Sen­hor, pois só mais esta vez falarei. Se por­ven­tu­ra se acharem ali dez? Ain­da assen­tiu o Sen­hor: Por causa dos dez não a destru­irei.” (Gn 18:32). “…e escol­heu Moisés home­ns capazes den­tre todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquen­ta e chefes de dez.” (Êx 18:25). “Assim diz o Sen­hor dos exérci­tos: Naque­le dia suced­erá que dez home­ns, de nações de todas as lín­guas, pegarão na orla das vestes de um judeu, dizen­do: Ire­mos con­vosco, porque temos ouvi­do que Deus está con­vosco.” (Zc 8:23).

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