O Espírito Santo na Igreja

O Espírito Santo na experiência da Igreja

A Igreja está directamente relacionada com o Espírito Santo. Sendo o Espírito quem convence do pecado e forma o corpo de Cristo, e o orienta. Sem Ele a Igreja não existiria. Praticamente, a Igreja começou com o advento do Espírito, prometido pelo Senhor, com os carismas necessários aos crentes.

I. O advento do Espírito Santo marca o início da Igreja. O Senhor aconselhou os discípulos a esperar o cumprimento da promessa do Pai para então cumprirem a sua missão no mundo (Lc. 24.49; Act. 1.8). A festa judaica do Pentecostes confirma o início da Igreja de Cristo pelos carismas que o Espírito concedeu aos crentes para cumprirem a sua missão no mundo (Act. 2.2–4,16). Pois, foram cheios do Espírito Santo proveniente de Deus, falaram outras línguas das grandezas de Deus, e receberam ousadia para testemunhar de Cristo.

O Senhor confirmou a Sua promessa concedendo a outros a mesma experiência. Em Samaria, os apóstolos oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; “então lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo” (Act. 8.14–17). Na  casa de Cornélio os crentes receberam também o Espírito Santo e falaram outras línguas, o que serviu de confirmação para Pedro (Act. 10.43–47). Os crentes de Éfeso receberam, pela imposição das mãos, o Espírito Santo, e falaram outras línguas e profetizavam (Act. 19.1–6). Pedro, no dia de Pentecostes, confirmou que este dom é para todos os que crêem (Act. 2.38,39; cf. 2.16,18). Por este motivo é que Paulo perguntou aos Efésios se haviam recebido o Espírito Santo quando creram; “Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?” (Ef. 19.2).

II. O ministério do Espírito Santo é a confirmação de que o Senhor está presente liderando a vida da igreja. Ele intercede pelos santos e ajuda as nossas fraquezas (Rm. 8.26,27). O Espírito ajuda os santos na sua intercessão (Ef. 6.18). Ele ajuda na edificação pessoal dos santos através da oração no Espírito (Jd. 20). Ele testemunha fielmente de Cristo (Jo. 15.26). Ele fornece ousadia aos crentes para o seu ministério (Act. 4.31). Ele lidera os ministros da Igreja de Cristo nas suas funções; (Act. 15.28).

III. Os dons do Espírito são capacidades sobrenaturais concedidas por Deus aos crentes para o cumprimento de ministérios especiais visando a edificação da Igreja (Co. 12.4–11). Paulo ordena os dons espirituais da seguinte maneira: Nos versículos quatro a seis diz que há: Diversidade de carismas, diversidade de ministérios e diversidade de operações; “mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” As manifestações do Espírito são repartidas por todos para benefício de todos.

A Palavra de sabedoria é a habilidade eficiente na defesa da causa de Cristo (Lc. 21.15). É o tacto especial para tratar assuntos delicados (Act. 6.3). É a arte de dar conselhos sábios visando o benefício de alguém. José, com seus conselhos a Faraó, evitou que uma grande fome vitimasse os seus familiares (Act. 7.10). É a capacidade para expor e aplicar a Palavra de Deus à vida das pessoas (Mt. 13.54). Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl. 2.3).

Eis o exemplo de Jesus em Marcos 6.2: “Que sabedoria é esta que lhe foi dada?” Estêvão revelou este espírito de sabedoria porque “não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava (Act. 6.10). Paulo orou para que os cristãos recebessem o espírito de sabedoria e de revelação (Ef. 1.17–23).

A Palavra da ciência é o conhecimento das coisas pertencentes a Deus e o pronunciamento sobrenatural por inspiração do Espírito Santo (2 Co. 10.4,5). É a compreensão das coisas divinas e a sua transmissão com clareza a fim de que todos conheçam a verdade (2 Co. 4.6). É assim que Deus manifesta, por meio de nós, o cheiro do seu conhecimento em todo o lugar (2 Co. 2.6). Tudo isto se encaixa na promessa de Cristo. quando disse que o Espírito nos guiaria em toda a verdade (Jo. 16.13). Temos um exemplo disto no Concílio de Jerusalém quando o Espírito Santo deu a solução para o problema do momento (Act. 15.7–11).

O Dom da Fé não é a mesma coisa que a da salvação. Esta fé pode ser aquela que move montanhas (Mt. 17.20; 21.21; Mc. 11.23). Exemplos desta fé podemos encontrá-los na galeria dos herois da fé em Hebreus onze. Também Elias operou nesta fé perante os sacerdotes de Baal (1 Rs 18.33–38; 41–45). Portanto, esta é uma fé especial concedida por Deus para momentos especiais como os expostos acima.

Dons de curas são dádivas de Deus para momentos especiais. Parece que há variedade na manifestação destes dons, e que são demonstrados pela soberania de Deus a fim de responder à necessidade e condição espiritual dos enfermos. Pedro deu o que tinha para suprir uma necessidade de momento. “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou: Levanta-te e anda” (Act. 3.6,7). Filipe atraía as multidões pela manifestação dos dons espirituais e muitos eram curados e libertos (Act. 8.5–7). Porém, mesmo Jesus não curou a todos por causa da incredulidade deles (Mt. 13.58). Os Dons de curas estão à disposição de todos os cristãos a fim de ministrarem aos enfermos de acordo com as suas necessidades (Tg. 5.16).

Operações de maravilhas significam actos de grande poder, ou virtude divina, que vão além de qualquer capacidade humana. Estas operações são observadas especialmente no conflito entre Deus e Satanás, e pelas quais este é derrotado, tendo em vista a construção do reino de Deus (cf. Mt.10.7,8). Os espíritos malignos têm sido expulsos para maravilhar as pessoas (Lc.10–17). Tem havido sinais e prodígios entre o povo como no princípio; (Act. 5.12,16; 8.7; 19.11,12).

O castigo imposto por Paulo a Elimas contribuiu para que o procônsul cresse maravilhado na doutrina do Senhor (Act. 13.9–12). Todavia, as operações maravilhosas devem ser submetidas a exame consciencioso para descobrir a sua origem; porque algumas podem ser causadas por Satanás a fim de enganar os incautos (Êx. 7.9–12 e 1 Ts. 2.9). Todos os carismas têm a função de edificar a Igreja de Jesus e o seu reino.

A profecia é um dom da fala que Deus pôs à nossa disposição para transmitir a sua Palavra e, desta forma, tocar os sentimentos das pessoas a fim de guiá-las ao arrependimento. Em Moisés e Arão temos um exemplo do que é o dom da profecia. Disse Deus: “Eu serei com a tua boca; e tu lhe falarás e porás as palavras na sua boca; e ele falará por ti ao povo” (Êx. 4.15,16). Jesus revelou à mulher samaritana a sua condição de pecadora, que ela reconheceu (Jo. 4.18,19).

Ágabo revelou que haveria uma fome mundial e os cristãos socorreram os irmãos necessitados (Act.11. 27–29). O dom profético está à disposição de todos os cristãos, sendo mesmo todos encorajados a servir dessa maneira. Paulo expressa-se assim: “Eu quero que todos vós faleis línguas, mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação” (1 Co.14.1,5). Se todos profetizarem e algum indouto ou infiel entrar, os segredos do seu coração serão manifestos, e ficará convencido de que Deus está verdadeiramente entre nós 1 Co. 14.24,25).

Discernimento de espíritos é outro dom necessário na Igreja a fim de se descobrir o que não provém de Deus. Devemos tomar em consideração que há três fontes de inspiração: Deus, o diabo, e o próprio homem. Por este facto, é necessário o dom de discernimento para reconhecer a fonte e não ser enganado. A operação do dom tem para observação duas áreas: Primeiro, a doutrinária: Quem não confessa que Jesus veio em carne não é de Deus (1 Jo. 4.1–6). Segundo, a prática, assim como revelado em Mateus: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, não profetizámos nós em teu nome? E em teu nome não expulsámos demónios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt. 7.15–23).

Observemos alguns exemplos de reconhecimento: Jesus reconheceu Natanael como um verdadeiro israelita; e Natanael reconheceu Jesus como o verdadeiro Filho de Deus (Jo. 1.47–50). Pedro reconheceu que Ananias fora enganado por Satanás (Act. 5.3). Ele também reconheceu que Simão não tinha boas intenções quando pediu o Dom do Espírito Santo (Act. 8.21- 23). E Paulo descobriu que os louvores proferidos pela jovem adivinha, atrás deles, era produto de Satanás (Act. 16.16–18).

Variedade de línguas é a capacidade de falar sobrenaturalmente sem ter aprendido essas línguas. As palavras não provêm do intelecto, mas do espírito. Porém, para serem úteis na igreja carecem doutro dom em funcionamento, a interpretação das línguas, que, de igual modo, não provém da mente, mas do espírito. O propósito básico das línguas é louvar a Deus e providenciar edificação pessoal (1 Co. 14.2,4). Se houver interpretação pode contribuir para edificação da igreja (1 Co. 14.26–28).

Interpretação de línguas é uma operação puramente espiritual. Este dom em conjunto com o anterior tem o mesmo valor que a profecia porque serve para edificação colectiva (1 Co. 14.5). Além disso, este conjunto, usado devidamente, torna-se um sinal para os infiéis, diz Paulo no verso vinte e dois. Por conseguinte, deve haver bom senso no uso dos dons espirituais (1 Co 14.20–25,39,40).

Outros dons dignos de consideração estão mencionados na epístola de Paulo aos romanos. O apóstolo roga aos cristãos para que experimentem uma transformação mental de forma a cada um não pensar de si mesmo mais do que convém, mas moderadamente, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um no corpo de Cristo (Rm. 12.1–5). A norma cristã, pois, é cada um considerar os outros superiores a si mesmo, em demonstração do mesmo sentimento de Cristo (Fp. 2.3).

Então, passa a referir que um só corpo tem diferentes dons, que devem ser usados segundo a medida da fé. O que exorta “o parakalwn” (ó parakalôn) significa que deve chamar a pessoa ao lado para aconselhamento amoroso. O que reparte (bens) deve fazê-lo com generosidade, franqueza e rectidão; “en aplothti” (em aplotêti). O que preside, faça‑o com diligência e cuidado; “en spoudh” (em spudê) significa estar com pressa e não guardar para amanhã o que pode fazer hoje. O que é misericordioso, “o elewn” (o éléôn) seja‑o com alegria (Rm. 12.6–8).

Observemos três exemplos do verdadeiro sentido daquela palavra. “Aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” (Mt. 9.13). Pedro escreveu: “Vós, que em outro tempo… não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1 Pd. 2.10). E, Judas pede: “Tende misericórdia de alguns que estão duvidosos; e salvai alguns arrebatando-os do fogo; tende misericórdia deles” (Jd. 22,23).

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