A Igreja Missionária

A Bíblia relata que no final do primeiro século já a Igreja tinha conquistado o mundo para Cristo. Os habitantes de Tessalónica disseram acerca dos cristãos que “estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui” (Act 17.6). Paulo fundou em Corinto uma comunidade cristã que depressa daria lugar a outra em Roma. O apóstolo informou que na sua viagem a Espanha passaria por Roma a fim de visitar a igreja ali (Rm 15.24,28). Ele não disse que talvez assim acontecesse, mas que era seu propósito visitar cristãos existentes na Espanha. Ninguém sabe se ele concretizou esse propósito. Todavia, a Igreja muito cedo chegou à península Ibérica. O que se tem como certo é que a Espanha foi atingida com o evangelho ainda nos tempos apostólicos, ou não seria mencionada por Paulo.

Os romanos atingiram a região que é Portugal no século II a.C. e, após diversas lutas acabaram por dominar a península. Aos soldados que atingiam a idade de aposentação, o imperador concedia terrenos para que passassem aqui os seus últimos dias. Alguns desses soldados, havendo aceitado o cristianismo em qualquer lugar do império, construíram as suas habitações, chamadas hoje vilas romanas”. Pois nalgumas dessas vilas há vestígios arqueológicos da prática cristã, como ruínas de igrejas e baptistérios por imersão.

O Historiador Fortunato de Almeida escreveu o seguinte acerca da Península Ibérica: “O que se apura ao certo é que a Espanha foi evangelizada ainda nos tempos apostólicos, e nela se propagou e desenvolveu posteriormente a fé cristã sob o impulso de varões piedosos, uns naturais da península, outros estranhos”.[i]

Segundo a tradição, S. Tiago terá passado por Braga, seguindo depois para Santiago de Compostela, na Galiza. Ireneu, c. 180, faz referência ao testemunho dos cristãos da península, e em meados do século III a igreja já estava constituída por toda a parte. Tertuliano, escritor cristão do século II d.C., testemunha que o cristianismo era seguido em toda a Espanha. Todavia, só a partir de Constantino a História da Igreja é comprovada por testemunhos escritos.

Um testemunho do início do II século atesta que os cristãos já tinham conquistado o mundo, desde o Tibre ao Eufrates, do Mar Negro ao norte de África, e, até mesmo, em Inglaterra e Espanha eles estavam compartilhando o evangelho da salvação. A famosa carta de Plínio ao Imperador Trajano (c. 112) informa-nos que os templos dos deuses pagãos estavam quase abandonados. Tal era o testemunho desses cristãos.

Celso, um escritor romano do século II acusa os cristãos de serem ignorantes e de recrutarem os seus membros entre as classes mais baixas da sociedade, nas cozinhas, nas oficinas e nos mercados. Mas, sabemos que escravos convertidos chegaram a ser bispos. Era esta a estratégia da Igreja apostólica na conquista do mundo.

O baptismo era, no princípio, ministrado uma vez por ano, no Domingo de Páscoa. Os crentes judeus eram baptizados logo a seguir à profissão de fé. Com a chegada dos crentes gentios, ou pagãos, tornou-se necessário instruí-los nas doutrinas fundamentais da fé cristã e tal curso durava cerca de três anos. Estes candidatos ao baptismo eram chamados catecúmenos porque recebiam catequese. Eram baptizados nus e ao sair da água vestiam uma bata branca em sinal da pureza.

O culto cristão era realizado no primeiro dia da semana, antes do nascer do sol, ou à noite. Os crentes reuniam-se nas cavernas, ou nas catacumbas, para expressar o seu gozo e gratidão a Deus, as quais eram usadas também como cemitério. O culto constava de duas partes: na primeira cantavam louvores a Deus, oravam, liam as Escrituras e as cartas dos apóstolos. Depois saudavam-se com o beijo da paz e despediam os catecúmenos. Na segunda parte celebravam a santa ceia da qual participavam apenas os baptizados. A santa ceia era o centro do culto cristão.

[i] Fortunato de Almeida, Hist. Da Ig. Em Portugal, V. 1, pg 11

 Ler tam­bém ‘A Igre­ja Perseguida’

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