Nenhuma beleza

Pois foi crescendo como renovo perante ele e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele nenhuma beleza víamos para que o desejássemos.” Isaías 53:2 

Questão

Poderemos afirmar que o filho de Deus não tinha beleza alguma para que o desejássemos? Se sim, em que trechos encontraremos apoio para esta afirmação?

Contexto bíblico

Ninguém sabe como era a fisionomia do Senhor antes de ter celebrado a sua última páscoa com os discípulos. Mas, quando se dirigiu para o Getsêmani e aí esteve em oração e agonia, já podemos imaginar o seu estado fisionómico devido ao sofrimento infligido pelo peso dos nossos pecados. As Escrituras atestam que ali começou o seu grande sofrimento, de maneira que do seu corpo jorraram gotas de suor com sangue. “E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.” (Lc 22:44). Não estaria já desfigurado o seu semblante devido à sua imensa angústia?!

Depois de ser preso e levado a julgamento, começou o interrogatório que, segundo o costume, era feito sob aplicação de agressões físicas, como foi escrito por Lucas: “Os homens que detinham Jesus zombavam dele, e feriam-no; e, vendando-lhe os olhos, perguntavam, dizendo: Profetiza, quem foi que te bateu?” (Lc 22:63,64). Após este juízo preliminar levaram-no a Herodes, que troçou dele e remeteu a Pilatos para continuar a sua árdua missão: “Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou‑o e, escarnecendo dele, vestiu‑o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.” (Lc 23:11). Haveria nele alguma beleza para que o desejássemos?!

Após regressar ao governante, Pilatos queria soltá-lo mas o povo, instigado pelos sacerdotes, pediu a sua crucificação. “Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar Jesus. Eles, porém, bradavam dizendo: Crucifica‑o! crucifica‑o! Falou-lhes, então, pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e soltá-lo-ei. (Lc 23:20–22). Mas o povo clamava ainda mais pela sua crucificação. Enquanto escutava estas palavras do povo, não estaria o seu espírito angustiado a ponto de sua fisionomia estar desfigurando?! “Então soltou-lhes Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar e entregou‑o para ser crucificado… E, despindo‑o, vestiram-lhe um manto escarlate; e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, escarneciam-no, dizendo: Salve, rei dos judeus.” (Mt 27:26–29). Que beleza poderíamos achar neste homem de dores e sendo troçado por todos?!

João conta-nos que “tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.” (Jo 19:17,18). Quando ele manifestou que tinha sede embeberam uma esponja em vinagre e chegaram-lhe aquela mistela para aliviá-lo. “Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (Jo 19:30). Perante este cenário tão triste, esperaríamos ver um homem com a beleza de quem não é troçado, que goza saúde, que não sente dores, e sabe que vai morrer brevemente?! Simplesmente teremos que dizer: não, ele não tinha beleza alguma para ser desejado.

Conclusão
O Filho de Deus, enquanto sofria pelos nossos pecados, perdeu a beleza com a qual fora dotado pelo Pai de modo a não ser desejado. Naquele tempo foi desprezado por todos, até pelos seus amigos. Somente uns poucos permaneceram junto dele para procederem às últimas acções devidas aos mortos. Contudo, ainda que assim tenha acontecido com o Filho de Deus, o profeta Isaías escreveu que “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si.” (Is 53:11). Agora temos motivo para desejá-lo e seguir o seu exemplo, porque lhe proporcionará alegria suprema ao ver o resultado do seu sofrimento, milhões em todo o mundo que lhe dedicaram suas vidas para servirem no seu propósito.

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