Como Orar sem cessar

família orando

1 Tessalonicenses 5:17 “Orai sem cessar” 

Questão

O apóstolo Paulo aconselha os cristãos a orar sem cessar, o que significa sem interrupção, sem suspensão, sem descansar. Então, põe-se a questão: como é possível estar a orar sem cessar?

Contexto bíblico

O próprio S. Paulo afirma que orava sem cessar pelos cristãos em Roma, de acordo com o texto de Romanos capítulo um: “Pois Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que, afinal, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião para ir ter convosco.” (Rm 1:9,10).

O que Paulo está dizendo é que não deixa de mencionar os cristãos de Roma nas suas orações. Encontramos algo semelhante na sua primeira carta aos tessalonicenses, que diz: “…lembrando-nos sem cessar da vossa obra de fé, do vosso trabalho de amor e da vossa firmeza de esperança em nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Ts 1:3)

E na segunda carta consta: “Por isso nós, também, sem cessar damos graças a Deus.” (1 Ts 1:13). Isto quer dizer que de maneira alguma deixavam de lembrar-se da fé que eles manifestavam, e de modo nenhum cessavam de agradecer ao Senhor pela forma como tinham recebido a Palavra de Deus.

Por conseguinte, sem cessar significa ‘não omitir’ a oração, os cristãos, ou a gratidão, na ocasião apropriada para o facto. Dito doutra maneira seria: a vossa oração deve ser sem omissão na ocasião própria, no tempo determinado para o efeito. O salmista faz confissão da sua prática constante na oração: “Sete vezes no dia te louvo pelas tuas justas ordenanças.” (Sl 119:164).

Da mesma sorte os inimigos de Daniel confessam o seu costume na oração: “Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Esse Daniel, que é dos exilados de Judá, e não tem feito caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes três vezes por dia faz a sua oração.” (Dn 6:13). O que notamos nestas experiências é a fidelidade no processo da oração pessoal.

Deus não aprecia a quantidade de tempo nem de vocabulário usados na oração. O que Ele aprecia é a sinceridade na adoração, na manifestação de dependência e no pedido segundo a necessidade do momento. Eis o que Isaías escreveu acerca do povo de Israel: “Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei porque as vossas mãos estão cheias de sangue.” (Is 1:15).

Deste modo, nem o sacrifício de gastar muito tempo em oração servirá de alguma coisa. Recordemos o que o Senhor Jesus ensinou acerca do mesmo tema: …“e quando orardes não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.” (Mt 6:5–8).

Notamos ainda que a oração que segue o trecho anterior, chamada Pai Nosso, é muito curta, mas também muito definida, a qual deve servir de modelo para as nossas orações. Encontramos um óptimo exemplo na oração de Ezequias, quando ele estava doente e às portas da morte: “Por aquele tempo Ezequias ficou doente, à morte. O profeta Isaías, filho de Amós, veio ter com ele e disse-lhe: Assim diz, o Senhor: Põe em ordem a tua casa porque morrerás, e não viverás. Então o rei virou o rosto para a parede e orou ao Senhor, dizendo: Lembra-te agora, ó Senhor, te peço, de como tenho andado diante de ti com fidelidade e integridade de coração, e tenho feito o que era recto aos teus olhos. E Ezequias chorou muitíssimo.” (2 Rs 20:1–3).

Apesar da sua oração ser tão pequena, o Senhor ouviu‑a e respondeu imediatamente conforme o relato bíblico: “E sucedeu que, não havendo Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Volta e dize a Ezequias, príncipe do meu povo: Assim diz o Senhor Deus de teu pai Davi: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas. Eis que eu te sararei; ao terceiro dia subirás à casa do Senhor. Acrescentarei aos teus dias quinze anos; e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e defenderei esta cidade por amor de mim e por amor do meu servo Davi.” (2 Rs 20:4–6).

As bênçãos do céu não se recebem pelo muito falar diante de Deus, mas pela manifestação duma atitude correcta perante Ele, como está escrito: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Cr 7:14).

Quando sabemos que Deus nos ouve não necessitamos de permanecer na oração, pois Ele já nos ouviu; o que precisamos é de confiar na possibilidade e na fidelidade de nosso Pai celestial para nos conceder o bem que lhe pedimos, como nos diz o autor de Hebreus: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam.” (Hb 11:6).

Quando cremos nisto não permaneceremos indefinidamente na oração. Como somos ensinados em Marcos 11.22–24: “Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus. Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.” Literalmente, o grego contém este significado: “Tende fé proveniente de Deus”… “tudo o que pedirdes orando”… “crede que o recebestes e será vosso”.

Portanto, podemos dizer: Não é grande fé que move montanhas, mas a minha fé na grandeza de Deus. Quando recebemos a revelação da solução para a dificuldade, podemos levantar-nos e entrar em acção. Neste aspecto, contamos com a experiência de Jesus que, por motivo especial, passou a noite em oração: “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite toda em oração a Deus. Depois do amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos.” (Lc 6:12).

É justo acreditar que, enquanto o Senhor orava estaria formando a lista dos escolhidos, mas após ter completado essa lista, cessou a oração e de madrugada executou o seu plano. O mais importante é seguir o conselho do Senhor para manter uma íntima comunhão com Deus: “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mt 6:6).

Noutra ocasião, após tomar a sua última Páscoa com os discípulos, Jesus dirigiu-se para o Jardim do Getsêmani e afastou-se para orar, levando consigo Pedro, Tiago e João. “E começou a entristecer-se e a angustiar-se. Então disse-lhes: A minha alma está triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo… E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”… (Mt 26:37–39). “Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade… Deixando-os novamente, foi orar terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.” (Mt 26:42,44,45).

Conclusão

1, Os cristãos devem separar um lugar e tempo especiais para comunhão com Deus. 2, O dia deverá ser iniciado em oração, com a mente fresca, e conservar esse espírito de oração durante o dia. 3, É conveniente manter este costume de iniciar o dia em comunhão com Deus. 4, Em ocasiões especiais e de perplexidade, recorramos a Deus confiando na possibilidade da solução. 5, Após receber a revelação da possível solução, levantemo-nos e executemos o plano respectivo.

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