Ordenanças da Igreja

Não sendo o cristianismo uma religião ritualista tem, contudo, duas cerimónias de suprema importância, como dois sacramentos ordenados pelo Senhor, que marcam o começo e a permanência na identificação com Cristo.

O Baptismo, ordenado por Cristo, testemunha publicamente da nossa fé nele. A ordem do Senhor foi a seguinte: “Ide, discipulai, baptizai, e ensinai” (Mt. 28.19,20). Esta é a ordem que deve ser praticada em todos os lugares. O baptismo é símbolo da morte e da sepultura da velha natureza (Rm. 6.3–5). O baptismo é somente para adultos arrependidos e responsáveis (At. 2.38; 8.12; 16.33).

O baptismo é celebrado por imersão em água, conforme o sentido real do grego. Em Lucas 16.24 encontramos uma bela ilustração do baptismo: “Manda a Lázaro que molhe a ponta do seu dedo e me refresque a língua” Ali é usado o imperativo de “baptizw” (baptizô) para dizer que mergulhe a ponta do seu dedo. Em Mateus 3.11, onde, nalgumas versões se lê “eu vos baptizo com água” deve ler-se “eu vos baptizo em água” em virtude da preposição ali existente ser “en” cujo significado primário é (em) com o sentido de estar dentro. Lemos que João baptizava junto a Salim porque havia ali muitas águas (Jo. 3.23). Está escrito que Filipe e o eunuco desceram ambos à água para realizar o baptismo (At. 8.38,39. As preposições ali usadas são “eij” (éis) significando movimento para dentro; a outra é “ek” (ék) que quer dizer movimento para fora.

É celebrado em submissão a Cristo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt. 28.19). Ser baptizado em nome de Jesus significa que a pessoa se identifica na sua morte. O uso da fórmula trinitária descreve a comunhão com as três pessoas da Trindade, tal como na bênção apostólica (2 Co. 13.13). Esta prática é confirmada pelo “didach” (didachê), documento do início do 2º século que significa instrução.

A Santa Ceia é o maior sermão ilustrado pregado pelo Senhor Jesus e deixado como exemplo para a sua Igreja. Ela contém a mensagem total, entregue aos apóstolos, para salvação de todos os que crerem. A Santa Ceia fala da experiência do Calvário, da ressurreição do Senhor e da Sua volta (Mt. 26.26–29). Foi ordenada por Cristo como memorial até que volte (Lc. 22.19,20). É o sinal da Nova Aliança que Deus fez connosco na cruz (Mt. 26.28; 1 Co. 11.25).

Os primitivos cristãos celebravam-na semanalmente no primeiro dia da semana, em memória da ressurreição; ali só eram admitidos os baptizados, considerados aptos para estar à mesa do Senhor (cf. Mc.16.9,16; Jo. 20.19,26). Era-lhes exigido arrependimento e baptismo (At. 2.38). “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão” (At. 20.7).

Justino mártir, escritor do século II, na Primeira Apologia confirma a prática da Igreja: “Mas nós, depois termos lavado aquele que tem sido convencido e consentido com o nosso ensino, levamo-lo ao lugar onde aqueles que são chamados irmãos estão em assembleia, de maneira que possamos oferecer orações por nós próprios e pela pessoa baptizada… E este alimento é chamado entre nós eucaristia, da qual a ninguém é permitido participar senão aquele que crê que coisas que ensinamos são verdade, e tem sido lavado com a lavagem para remissão dos pecados…”

A Santa Ceia era observada pela Igreja apostólica com pão e vinho para todos os cristãos (At. 2.42; 1 Co. 11.23,24). Ora, a expressão usada por Marcos é esta: “Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide até àquele dia em que o beberei novo “kainon” (kainon) no reino de Deus.” Mateus e Lucas usam “já não beberei o fruto da vide até que venha o reino de Deus.” Mas, em Mateus há uma variante que condiz com Marcos; “em que o beba novo convosco no reino de meu Pai” (Mt. 26.29).

A Santa Ceia sugere a comunhão existente entre Cristo e a Sua Igreja (1 Co. 10.16). Sugere a vida nova que o crente passou a viver com Cristo (Rm. 6.4; 2 Co. 5.17). Sugere a esperança na segunda vinda de Cristo e a efectivação do reino de Deus para sempre (Mt. 26.29; Mc. 14.25; Lc. 22.18). A fim de participar dela, o cristão é aconselhado a examinar-se pessoalmente, com antecipação, para não sofrer graves danos espirituais (1 Co. 11.28).

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