Os Sacramentos de Cristo

E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”… Actos 2.37–47

 

Questão

As ordenanças, ou sacramentos de Cristo, Baptismo e Santa Ceia, obedecem a uma ordem lógica, ou poderão ser administradas indiscriminadamente? E, quem deve receber estes sacramentos?

 

Introdução

Deus é de ordem e instituiu leis fixas para governar o universo. É compreensível que haveria de acontecer o mesmo com o homem. E as leis divinas não devem ser alteradas de forma alguma. Observemos como a Bíblia nos apresenta a ordem das ordenanças, apoiada pela história e pela teologia. Uso também o termo grego “eucaristia” porque é usado pelos escritores bíblicos para expressar “dar graças” e deu o nome ao culto da Ceia do Senhor – eucaristia – isto é, culto de acção de graças.

Antes de entrar no assunto das ordenanças observemos a regra dada por Deus em Êxodo 12.42–50 para a celebração da páscoa hebraica: os estranhos que quisessem participar da refeição pascal deviam ser circuncidados, aceitando o sinal do antigo pacto como rito inicial da entrada na comunidade hebraica. E todos os filhos de Israel cumpriram essa ordem divina. Semelhantemente, quem deseja ser cristão deve cumprir o rito inicial da entrada na comunidade cristã – o baptismo. Ora vejamos como as Escrituras no-lo apresentam:

 

Contexto bíblico

 

 1.  A Bíblia apresenta uma ordem das ordenanças revelada por Deus

a)  O arrependimento foi a primeira ordenança instituída por Cristo (Mt. 1.17–20; Mc. 1.14–18).

b)  O baptismo foi a segunda ordenança instituída por Cristo no início do seu ministério (Jo. 3.22–26; 4.1,2). Foi recordada no final do ministério (Mc. 16.15). E é confirmado pelas leituras de Actos 2.37,38; e cps. 8, 9, 10, 19. 

c)   A Santa Ceia foi a terceira ordenança instituída por Cristo no final do seu ministério (Mt. 26.26–28; Lc. 22.14–20).

d)   O facto de Judas estar à mesa é explicado pelo apóstolo João, que nos relata esse pormenor (Jo. 13.21–30). Ainda estavam na ceia pascal judaica quando Jesus lhe deu o bocado molhado e lhe ordenou que agisse rapidamente. Judas saiu imediatamente para cumprir o que lhe foi pedido pelo Senhor, não assistindo à instituição da eucaristia.

 

 2.    A História confirma esta prática na Igreja primitiva 

a)  A ordem bíblica é arrependimento, baptismo, eucaristia (Ac. 2.38,41,42). Mc. 16.15 prova a prática da igreja apostólica. Há ainda o testemunho dos demais textos bíblicos.

b)  O testemunho da Didaquê (séc. II) segue esta ordem: “Que ninguém coma nem beba da eucaristia, excepto os baptizados em nome do Senhor, pois sobre ela disse o Senhor: “Não deis o que é santo aos cachorros” (Doc. Igreja Cristã, Pg. 101).

c)  Justino expressa a ordem do culto cristão no século II: “Depois de termos lavado (baptizado) aquele que se converteu e deu o consentimento seu, o conduzimos aos irmãos reunidos para em comum oferecer orações… Ao terminar as orações mutuamente nos saudamos com o ósculo da paz e, logo, traz-se ao presidente o pão e um cálice de vinho com água. Ele os recebe, oferecendo-os ao Pai de todas as coisas num tributo de louvores e glorificações… Terminada a acção de graças do presidente e ratificada pelo povo, os chamados “diáconos” distribuem entre os presentes o pão eucarístico e o vinho com água…” Chamamos este alimento de eucaristia. Ninguém pode tomar dele a não ser aquele que, crendo que nossas doutrinas são verdadeiras, tem sido lavado com a lavagem para a remissão dos pecados e para o novo nascimento, e que vive segundo os ensinamentos de Cristo. Pois, para nós, não é alimento ordinário nem bebida comum… (Doc. Igreja Cristã, pg. 103, 104).

d)  Ao argumento de que não seria justo o crente, que já é salvo, esperar pelo próximo baptismo para desfrutar da santa ceia, a História da Igreja Bíblica responde que a ordem é: arrependimento, fé, conversão, baptismo, santa ceia. Isto é comprovado pelos textos bíblicos de Actos 10.43–48: os gentios em Cesareia foram logo baptizados; e Actos 16.31–34: o carcereiro, gentio, foi logo baptizado, e toda a família. Quando Paulo encontrou em Éfeso alguns crentes com o baptismo de João não hesitou em rebaptizá-los, após uma instrução simples sobre o referido acto (Ac. 19.4,5).

e)  Isto comprova a importância da ordem das ordenanças. Além disso, se os noivos devem esperar com paciência pelo dia do seu casamento, também os crentes podem esperar pacientemente pelo dia de estar à mesa do Senhor.

 

 3.   A Teologia bíblica confirma que esta ordem está certa

a)  O arrependimento é a principal exigência feita ao pecador, o qual, pela fé, se converte dos ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro. (cf. Ac. 2.37,38).

b)  O baptismo é considerado o rito da iniciação cristã, que testemunha publicamente da purificação efectuada no interior pela fé no sangue do Cordeiro de Deus, e simboliza a morte e a ressurreição com Cristo para uma vida nova (cf. Rm. 6).

c)  A eucaristia (ou Santa Ceia) é o rito da perseverança cristã, a    comemoração da morte e da ressurreição de Cristo, a celebração da comunhão existente entre Cristo e a Igreja, e a manifestação da esperança até que Ele volte. (cf. Lc. 22.14–20; 1 Co. 11.23,26).

d)  Nas suas últimas instruções, Jesus ordenou aos discípulos o método a praticar: ‘ir, discipular, baptizar e ensinar’ a guardar todas as coisas que Ele tinha ordenado, ( cf. Mt 28.19,20.

e)  Quanto às crianças, estas devem ser baptizadas quanto atingirem a idade da razão, ou da consciência do pecado, após aceitarem, pela fé, a redenção efectuada por Cristo. Tal como no Antigo, também no Novo Pacto há uma mesma lei para todos (cf. Ac. 8.34–38): É lícito se crêem de todo o coração.

 

Conclusão

O facto de alguns crentes não desejarem o baptismo cedo é devido ao ensino de que o baptismo não salva. E se não salva para que ser baptizado? Mas, se a água do baptismo não salva, sem o baptismo também não é salvo, por desobediência ao Salvador. Observemos o texto: baptizado … para (gr. eis) perdão dos pecados. A preposição grega ‘eis’ tem o sentido de propósito, na direcção de um alvo. O crente professa publicamente o seu arrependimento pela submissão ao baptismo. 

Quem ensinar, ordenadamente, mesmo os menores mandamentos, será chamado grande no reino dos céus, (Mt. 5.19). E estes não são os menores; antes, estão entre os primários. Paulo manifesta o cuidado que tinha em ensinar todo o conselho de Deus (Ac. 20.27).

Por conseguinte, aqueles que recebem alegremente a Palavra do Senhor devem ser baptizados e perseverar na doutrina dos apóstolos e na comunhão dos santos (Ac. 2.41,42).

 

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