CRISTO VIVE II

Continuação de Cristo Vive I

Nesse mesmo dia, dois dos discípulos caminhavam na direcção de Emaús quando, inesperadamente, um ser estranho se aproxima deles e entra na sua conversa acompanhando-os por algum tempo. Tendo chegado à localidade, convidaram-no a entrar em casa e a comer com eles. O Senhor acedeu e ficou para comer. Se durante o caminho o não reconheceram, o mesmo não aconteceu enquanto estavam à mesa. Pois Cristo demonstrou o mesmo costume de estar à mesa a que estavam habituados, de agradecer os alimentos ao Pai, e foi reconhecido por eles, conforme a narrativa de Lucas: “Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo‑o, lho dava. Abriram-se-lhes então os olhos e reconheceram-no; nisto ele desapareceu de diante deles. E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lc 24:30–32). Esta foi outra forma de ser reconhecido como vivo, a maneira como o ouviram expor as Escrituras.

Aqueles dois de Emaús voltaram para os seus irmãos em Jerusalém e narraram a sua experiência no caminho e em casa enquanto comiam. Inesperadamente pareceu também o Senhor entre eles, mas pensavam estar vendo um espírito qualquer, ao que o Senhor retorquiu: “Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações? Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho” (Lc 24:38,39).

Todavia, um dos doze, chamado Tomé, que não estava presente naquela ocasião, manifestou incredulidade no relato dos companheiros. Então, passados oito dias, aquele que tinha sido morto, mas estava vivo, apareceu entre eles e fez um sério convite comprovativo ao descrente: “Tomé, chega aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e mete‑a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20:28). E o Senhor louvou a fé daqueles que crêem desta forma: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” ( Jo 20: 29). Ora, a dúvida de Tomé é, de facto, mais um dos valiosos comprovativos da ressurreição de Cristo.

Noutra ocasião, decidiram ir pescar durante a noite. De madrugada, aparece-lhes o ressurrecto e pergunta por comer. Como não tinham ainda apanhado peixe, ele ordenou que lançassem a rede para o lado direito. Tendo obedecido à sua palavra apanharam grande quantidade de peixes, dos quais assaram e comeram. “Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor” (Jo 21:12). Mais um facto demonstrativo que o Senhor morto na cruz estava realmente vivo. O apóstolo Paulo conta-nos ainda que, certa vez, o Senhor ressurrecto foi visto por mais de quinhentos irmãos, provavelmente naquela experiência na Galileia com os onze (1 Co 15:6).

Durante o seu ministério, e já perto da sua morte, o Senhor tinha feito a seguinte promessa aos discípulos: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudante para que fique convosco para sempre; o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei a vós. (Jo 14:16–18). Como era da sua vontade estar connosco, ele está e vive connosco conforme a sua promessa. Isto é facto comprovado pela experiência de cada cristão experimentado.

Finalmente, após dar as últimas instruções, confirmou a última promessa: “eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. Então, levou-os fora até Betânia e levantando as mãos abençoou-os. E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles e foi elevado ao céu” (Lc 24:49–51). Então, enquanto todos em Jerusalém estavam celebrando a festa do Pentecostes, aconteceu o cumprimento da promessa: O Espírito Santo desceu sobre todos que estavam reunidos conforme lhes havia sido indicado pelo Senhor (cf. Actos 2).

Conclusão

Toda a experiência de vida de Jesus foi um milagre. O seu nascimento foi milagroso, de uma virgem conforme a promessa profética. A sua vida ministerial foi um milagre porque só ele poderia ter resistido a semelhantes provações. A sua morte foi marcada pelo milagre porque só ele poderia suportar tamanho sofrimento até ao fim. A sua ressurreição ficou marcada pelo milagre porque, embora tenham acontecido outras ressurreições, a sua foi singular. Visto que Deus é Espírito, semelhantemente, Cristo vive entre nós em Espírito.

Apesar de ter sido morto por causa de nossos pecados, Cristo realmente vive. Ainda que tenha subido e viva no céu junto do Pai, vive também na terra porque está com aqueles que aceitam seu Espírito e permitem que viva neles. Como está escrito: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo esse tal não é dele” (Rm 8:9). Porque ele vive nós vivemos, e porque nós vivemos ele vive em nós. Cristo é um ser social que quer viver entre nós, conviver connosco; que está interessado nas pessoas e espera ser convidado para terem uma experiência viva com ele. Cristo é um ser social que aprecia quando testemunhamos dele aos outros, porque deseja relacionar-se com todos.

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