O Espírito Santo

A doutrina do Espírito Santo ocupa lugar de relevo nas Sagradas Escrituras. Todas as obras de Deus são realizadas por acção do Espírito Santo. O Antigo Testamento inicia o seu relato com a função do Espírito. O Novo Testamento também começa o seu relato com a acção do Espírito Santo. Não é possível um cristianismo vivo sem a presença e a obra do Espírito Santo na vida de cada cristão. Inácio, grande pastor da Igreja primitiva disse o seguinte: “A graça do Espírito põe a maquinaria da redenção em conexão vital com a alma. Aparte do Espírito, a cruz permanece inerte, uma imensa máquina em ponto morto, e em volta dessa permanecem inertes as pedras do edifício”.

Existem três fontes responsáveis pelas doutrinas teológicas, as quais é preciso reconhecer para não ser enganado com ensinamentos não provenientes de Deus que são as seguintes:

a) O espírito humano, que tem influência na formulação de certas doutrinas chamadas por Jesus preceitos de homens (Mt. 15.9). Paulo tem a mesma definição para isto, ao dizer que as doutrinas dos homens têm alguma aparência de sabedoria, mas sem algum valor (Cl. 2.20–23; 2 Tm. 4.3; 6.3).

b) O espírito satânico, que está sempre muito activo inspirando as suas doutrinas dando aos seus ministros uma aparência de justiça, enganando assim os desprevenidos (2 Co. 11.13–15).

c) O Espírito Santo, que é responsável, tanto pela inspiração das Escrituras, como pela iluminação para a sua interpretação com vista à formulação de doutrinas correctas (2 Pd. 1.20,21; Jo. 14.26). Todos devemos depender do Espírito Santo, a fim de conhecer a verdade. Pois é Ele quem nos guia em toda a verdade (Jo. 14.17,26; 16.13).

NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo não deve ser tomado como simples instrumento, ou uma influência de Deus. Ele é uma pessoa divina distinta, que faz parte da Trindade unida. É mencionado conjuntamente nas Escrituras com as outras duas pessoas, como por exemplo: “Baptizai em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt. 28.19). Jesus apresenta‑o como uma pessoa consoladora que ficaria no seu lugar (Jo. 14.16, 26).

A Sua personalidade é notada na manifestação das mesmas características dos humanos. É difícil definir a personalidade do Espírito Santo porque Deus não foi criado à imagem do homem, mas este foi criado à imagem de Deus. Todavia, devemos tomar em consideração que os três elementos básicos da personalidade são inteligência, emoções, e vontade. E o Espírito Santo manifesta as mesmas características que as pessoas humanas.

Ele possui inteligência porque ajuda as nossas fraquezas, tem intenções, e intercede pelos santos (Rm. 8.26,27). Ele tem emoções porque pode entristecer-se por nossas acções (Ef. 4.30). Ele tem vontade própria porque reparte os dons a cada um conforme a sua vontade (1 Co. 12.11).

Os Seus atributos atestam a Sua divindade porque mais ninguém pode reuni-los sem ao mesmo tempo ser Deus. Os atributos exclusivos de Deus são ao mesmo tempo do Espírito Santo, o que prova ser uma pessoa divina, e não meramente uma força ou influência de Deus.

O Espírito é eterno porque desde o princípio se movia sobre as águas (Gn. 1.2). As Escrituras declaram que Cristo se ofereceu pelo Espírito eterno (Hb. 9.14).

O Espírito é Omnipresente porque não há esconderijo possível da Sua presença. David fez esta confissão: “Para onde me irei do teu Espírito? Ou para onde fugirei da tua face?” (cf. Sl. 139.7–10).

Ele é Omnipotente porque, além de assistir na criação, contribuiu para o nascimento de Jesus, o homem sem pecado;(Lc.1.35,37).

Ele é Omnisciente “porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Co. 2.10). Ele descobriu e revelou a mentira de Ananias e Safira (Act. 5.3,4). Ele é Deus.

A maneira como é tratado nas Escrituras revela a sua posição na Trindade e as suas actividades como pessoa divina que é. Ele é Deus, que provém do Pai e do Filho para habitar nos crentes e ajudá-los na sua vida e missão. Observemos alguns tratamentos:

Espírito de Jeová é um tratamento de Isaías, que dá também as suas características pessoais em três pares, as quais são manifestas em Cristo para cumprimento da profecia (Is. 11.2):

1. Espírito de sabedoria e inteligência.

2. Espírito de conselho e fortaleza.

3. Espírito de conhecimento e temor (cf. Ap.1.4).

Espírito de Deus, reflecte que procede da parte de Deus Pai (Jo. 15.26). “Não sabeis que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co. 3.16). A acção do Espírito de Deus está mencionada como os sete espíritos de Deus em Apocalipse 1.4; 4.5;5.6. Isto significa a perfeita actividade do Espírito Santo em toda a terra. Paulo menciona a virtude do Espírito de Deus no seu ministério operando sinais e prodígios (Rm. 15.19).

Espírito de Cristo, manifesta a relação existente entre Cristo e os que são chamados para a missão no Reino (Rm. 8.9). É chamado assim porque, primeiro, era o Espírito que havia em Cristo (Act. 10.38); segundo, porque foi enviado em nome de Cristo (Jo. 14.26); terceiro, porque é a unção dos santos para o cumprimento do ministério (1 Co. 1.21).

Espírito Santo, é assim chamado porque é santo e a sua obra é santificar os crentes que se rendem ao Senhor. É por isso que Deus o concede aos que o pedirem (Lc. 11.3). Vem habitar em nós para nos santificar de modo a glorificarmos a Deus “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo?” (1 Co. 6.19,20).

Espírito Consolador, é representado pelo vocábulo grego “paraklhtoj” (paraklêtos), que é traduzido por advogado na referência a Cristo em 1 João 2.2. Refere-se a alguém que é enviado para estar ao nosso lado e nos proteger. Em João 14.26 e 15.26 é traduzido por consolador referindo alguém que está presente para nos ajudar a viver de modo a testemunhar fielmente de Cristo. Todos precisamos do Consolador connosco.

Espírito da verdade. Assim como o Pai é Amor, e o Filho é o cumprimento da Justiça, o Espírito é a Verdade em acção. Eis aí a Trindade unida. Tal como o propósito da encarnação do Filho foi revelar o Pai, também a missão do Espírito é revelar o Filho (Jo. 15.26). O Espírito Santo é o verdadeiro intérprete de Jesus. É Ele quem fielmente o pode revelar ao mundo através da sua habitação nos santos (Jo. 16.13,14). Desse modo, Ele opõe-se ao espírito do erro, assim como aquele que o possui (1 Jo. 4.6).

Espírito da graça é o tratamento que lhe é dado porque é o Espírito Santo que conduz o homem à conversão mediante a graça divina. Deus prometeu o Espírito de graça e de súplicas (Zc. 12.10). Quem desprezar a acção do Espírito Santo não ficará sem castigo (Hb. 10.29); (Ver ainda Ef. 2.8; Jo. 16.8).

Espírito de vida, porque Ele é o dador da vida àqueles que estão mortos por causa do pecado, mas crêem na justiça de Cristo (Rm. 8.2,11). Observe-se ainda como os dois profetas incómodos, mortos, nos últimos tempos, receberão vida de Deus pelo Espírito (Ap. 11.11).

Espírito de adopção, porque é Ele quem nos guia a participar da adopção de filhos. Quando uma pessoa aceita a justificação pela fé, é adoptada na grande família de Deus e recebe pelo Espírito a consciência de participar da natureza divina (Rm. 8.15). É ainda Ele quem, junto com o nosso espírito, orienta e testemunha que somos filhos de Deus (Rm. 8.14,16).

Espírito da glória é outro tratamento dado ao Espírito Santo. Além de ser uma pessoa gloriosa, é também o revelador da glória de Deus. Como está escrito: “Se pelo nome de Cristo sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus” (1 Pd. 4.13,14; cf. Rm. 8.16,17b).

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